segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Hugo von Montfort

Estátua em homenagem a Hugo von Montfort em Bregenz (Vorarlberg), Áustria.

Hugo von Montfort foi um menestrel austríaco que nasceu em 1357 e morreu em abril de 1423. Ele foi uma das figuras mais notáveis de sua Casa, reconhecido mais como um grande político do que poeta.

Herdeiro do Conde Willhelm III da Casa de Montfort-Bregenz, Hugo também tinha parentesco com a Casa de Habsburgo (uma das Casas mais influentes e importantes da Europa do século XIII ao XX) por meio de sua mãe, que era a Condessa Ursula de Hohenberg-Rottenburg (filha de Ursula de Pfirt). Graças ao seu status, Hugo recebeu uma educação de excelência, tendo se familiarizado com a literatura clássica e medieval.
Em 1373, ele se casou com a Condessa Margarethe, neta do Conde Ulrich V de Pfannberg e viúva do Conde Hans de Cilli (cuja família era notória na Eslovênia). Com as posses de sua esposa, Hugo expandiu as áreas dominadas pela Casa de Montfort no Vale de Mur.

Vale do Mur, perto de Tamsweg na Áustria.

Após a morte de Margarethe (1392), ele se casou novamente em 1395, desta vez com a Condessa Clementia de Toggenburg (atual Suíça). Em 1399, ele adquiriu o Castelo de Festenburg, localizado a leste de Styria (português: Estíria).


 
Castelo de Festenburg, Áustria.

Clementia faleceu em 1400 e, em 1402, Hugo se casou pela terceira vez. Sua nova esposa, Anna de Neuhaus, vinha de uma família boêmia nobre e era viúva do governante estírio Hans de Stadeck.
Por ter sido o segundo filho da linhagem, Hugo foi preparado para exercer a carreira eclesiástica. Apesar disso, passou a maior parte de sua vida adulta atuando como político a serviço de Habsburgo. Assim, foi: comandante-geral das tropas austríacas na Itália; Hofmeister (court-master; "tutor da Casa") do Duque Leopold IV da Áustria; governante da Estíria (1412-1415); Vogt (uma espécie de advogado que garante a tutela secular e militar de um território) de Thurgau (Suíça), Aargau (Suíça) e das regiões da Floresta Negra (Alemanha).

As obras de Hugo von Montfort totalizam 40 poemas em um manuscrito (Biblio. da Univ. de Heidelberg, cpg. 329; mais detalhes aqui). Ele compôs canções e cartas poéticas relacionadas ao amor, além de discursos políticos e didáticos. Sua escrita emprega a literatura de corte tradicional (Minnesang), mas também é possível identificar em suas canções suas experiências e idealizações pessoais, bem como influência da obra francesa Roman de la Rose. Como o próprio Hugo admitiu em sua Rede (n. 31), ele contou com o auxílio do músico Bürk Mangolt (1380-1430) na composição da melodia para suas canções.
Assim como Oswald von Wolkenstein, Hugo não necessitava de suas produções poéticas como fonte de renda. Seus poemas não parecem ter alcançado um vasto público e logo foram esquecidos após sua morte.

Hugo morreu aos 66 anos em Pfannberg (Áustria) e foi enterrado na Paróquia de Bruck an der Mur.

 
25v e 35r do manuscrito cpg. 329

Reprodução musical:


Hugo von Montfort - Fro welt (Ensemble Unicorn)

Fontes:


en.wikipedia.org

de.wikipedia.org

books.google.com.br

Saiba mais:


Hugo von Montfort - Das poetische Werk (em alemão): gams.uni-graz.at

Die Lieder des Hugo von Montfort (em alemão): archive.org

Manuscrito digitalizado (em alemão): diglit.ub.uni-heidelberg.de

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Oswald von Wolkenstein

Oswald von Wolkenstein

Nascido em 1377, Oswald von Wolkenstein foi um compositor e poeta austríaco, além de diplomata sob o império de Sigismund I (Sigismund von Luxemburg) da dinastia Meinhardiner (ale. Grafen von Görz; ing. House of Gorizia). Como diplomata, ele viajou por diversos territórios, alcançando até mesmo a Geórgia (conforme retratado em "Durch Barbarei, Arabia"). Inclusive, tornou-se membro da Ordem do Dragão (lat. Societas Draconistarum; ing. Order of the Dragon), uma ordem monárquica de caráter cavaleiresco constituída por um grupo selecionado da nobreza.

Sua vida foi narrada detalhadamente em muitos documentos, especialmente devido às suas músicas autobiográficas. Sabe-se, por exemplo, que:

  • Oswald perdeu um olho durante um carnaval em Trostburg.
  • Quando tinha 10 anos, ele saiu de casa para explorar o mundo (atitude que não era comum entre jovens da nobreza) e acabou sendo tomado para prestar serviços bélicos na França, Espanha, Itália, países eslavos e nórdicos, e até mesmo na Ásia. Sua jornada é descrita em sua obra "Es fügt sich". Ele retornou somente por volta de 1400, provavelmente por causa da morte de seu pai.
  • Em 1407, ele e seus dois irmãos, Michel e Lienhard, compartilharam a herança. Daí em diante, ao que parece, Oswald tentou estender seus domínios à força e às custas dos outros.
  • Em 1415, ele prestou serviços ao rei Sigismund (posteriormente, em 1433, imperador), o qual integrou o poeta no Concílio de Constança (ing. Council of Constance), evento realizado com o objetivo de acabar com o Cisma Papal (crise religiosa que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417).
  • Entre 1421 e 1427, Oswald se envolveu em uma série de conflitos com proprietários de terra. Foi preso duas vezes por seu comportamento agressivo.
  • De 1430 até 1432, ele voltou a se envolver com política, atendendo ao Concílio de Basel (ing. Council of Basel). Depois disso, Oswald retornou às suas posses e desistiu de escrever música e poesia.
  • Morreu em 1445 na Itália, tendo sido enterrado no monastério de Neustift, local que ele ofereceu considerável assistência durante sua vida.

Monastério de Neustift, Itália.

No que concerne à sua relevância artística, a contribuição de Oswald von Wolkenstein para a produção literária de sua época reside na revolução que ele provocou na tradição alemã. Ele combinou a metrificação, a qual ele construía pautada no modelo francês, com a característica arrítmica do Minnesang (as rimas não eram contínuas; sempre se desenvolvia uma nova construção rítmica a cada verso). Além disso, ele também contribuiu para o aperfeiçoamento da música polifônica, iniciada pelo Monge de Salzburgo (ing. Monk of Salzburg). Assim, Oswald possibilitou a criação de um padrão para as músicas germânicas.

Memorial de Oswald von Wolkenstein na parede da catedral de Brixen, Itália.


Reproduções:


Oswald von Wolkenstein - "Durch Barbarei, Arabia" (Andreas Scholl)

Oswald von Wolkenstein - "Es fügt sich" (Andreas Scholl)

Oswald von Wolkenstein - "In Suria ein braiten hall"

Oswald von Wolkenstein - "Nu rue mit sorgen" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Oswald von Wolkenstein - "Ich spür ayn Tyer" (Conjunto de Câmara de Porto Alegre)

Oswald von Wolkenstein - "Her wiert uns dürstet" (Conjunto de Câmara de Porto Alegre)

Oswald von Wolkenstein - "Vil lieber grüsse süsse" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Oswald von Wolkenstein - "Ain graserin" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Oswald von Wolkenstein - "Nu huss - Pack zu!" (Bärengänsslin)

Oswald Von Wolkenstein - "Do Fraig Amors"

Oswald von Wolkenstein - "Herz, mült, leib, sel" (Andreas Scholl)

Oswald von Wolkenstein - "Ain tunckle farb" (Wilfrid Jochims)

Oswald von Wolkenstein - "Wach auf mein Hort" (Windsheimer Schulmassder)


Fonte:


hoasm.org

de.wikipedia.org

en.wikipedia.org

findagrave.com

segunda-feira, 3 de março de 2014

Hartmann von Aue

 Representação de Hartmann von Aue encontrada no Codex Manesse.


Hartmann von Aue (c. 1160 - c. 1220) foi um poeta e cavaleiro medieval germânico. É incerta tanto a data de seu nascimento quanto a de sua morte, mas seu nome é mencionado como sendo ainda vivo por Gottfried von Strassburg em 1210. Em 1220, porém, lamenta-se a sua morte em "Crône" de Heinrich von dem Türlin.

Hartmann pertenceu à baixa aristocracia da Suábia (mapa abaixo), lugar onde nascera. Após a educação monástica, ele tornou-se vassalo de um nobre, cujo domínio compreendia uma região denominada Aue. Além de vassalo, Hartmann também participou da Cruzada de 1196-1197. Atualmente, 18 músicas de sua autoria sobrevivem.


Hartmann produziu 4 poemas narrativos, os quais impactaram a evolução da épica germânica medieval. Dentre eles, o primeiro ("Erec") e o último ("Iwein") pertencem ao ciclo arturiano e foram baseados nos épicos de Chrétien de Troyes ("Erec e Enide" e "Yvain, o Cavaleiro do Leão", respectivamente). Curiosamente, Hartmann não adaptou a versão de Lancelot, apesar de a história de Yvain estar conectada à história deste. Como resultado, "Erec" de Hartmann introduz explicações totalmente distintas daquelas apresentadas quanto ao sequestro de Guinevere por Troyes.

"Erec" foi escrito aproximadamente em 1180-1185 e apresenta cerca de 10.000 versos. É considerado como o primeiro romance arturiano em língua alemã. A história trata dos deveres, bem como do comportamento adequado, de um cavaleiro, o que reflete os ideais de conduta e de moderação valorizados por Hartmann. A exemplo disso, o personagem Erec se vê em conflito entre o código de cavalaria e a devoção à sua esposa Enite, pois não sabe conciliar seus deveres. Somente após uma série de aventuras, ele consegue equilibrá-los e realizá-los devidamente.

Seus outros 2 poemas são "Gregorius" (também uma adaptação de um épico francês) e "Der arme Heinrich" (O pobre Henrique). Este narra a história de um leproso que foi curado por uma jovem, a qual se mostra disposta a sacrificar sua própria vida por ele. A fonte deste conto parece ter advindo do folclore compartilhado pela família nobre que Hartmann servia.

As canções e os poemas "Gregorius" e "Der arme Heinrich" de Hartmann apontam um caráter fervorosamente religioso. No entanto, há quem defenda que Hartmann procurou reconciliar os extremos enfrentados pelo homem medieval, isto é, as atividades mundanas e os ideais ascéticos da religião cristã.

Fonte:


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Neidhart von Reuental


Miniatura de Neidhart von Reuental (figura central) encontrada no Codex Manesse.

Neidhart von Reuental (c. 1180 - c. 1237) foi um dos mais famosos poetas germânicos do século XIII, tendo frequentado a corte do rei Friedrich der Streitbare (reinado: 1230 - 1246) e servido a aristocracia bavariana e austríaca. Aparentemente, o poeta adotou um pseudônimo, cujo significado remete a algo como "coração sombrio do vale do lamento" (Grim-Heart of Lament-Valley). A poesia de Neidhart é valorizada por ter capturado o espírito de seu tempo.

As poesias de Reuental são conhecidas por serem sarcásticas e cômicas. Ele foi responsável por romper com as convenções literárias ao abandonar a forma rigorosa do Minnesang. Assim, conforme o filólogo Karl Lachmann, seu estilo pode ser classificado como "poesia de amor camponês" (Höfische Dorfpoesie), já que Reuental não abordava o amor cortês como o faziam os Minnesänger. O camponês era retratado de forma ora realista, ora caricaturado. Essa revolução lírica causou sucesso entre os apreciadores de arte e, inclusive, provocou a imitação por vários compositores, conhecidos como pseudo-Neidharts, nos séculos XIV e XV.

Uma de suas obras mais populares, por exemplo, é Meienzît (em inglês, May Time), a qual se inicia com um eu lírico que descreve uma primavera calma e, logo em seguida, insulta seus inimigos e tantos outros amigos e aliados que o traíram.

A quantidade das obras que resistiram ao tempo é impressionante, visto se tratar do trabalho de um Minnesinger tão remoto. 17 melodias sobreviveram por meio de 68 poemas, os quais foram escritos para a dança. Para essa finalidade, há 2 categorias: para o verão (realizadas fora da corte, em ritmos simples) e para o inverno (realizados dentro do espaço da corte, em ritmos mais elaborados).


Reproduções:


Neidhart von Reuental - "Ich het an si gewendet" (I Ciarlatani)

Neidhart von Reuental - "Sing ein guldein hun" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Neidhart von Reuental - "Sinc an, guldîn huon" (The Newberry Consort)

Neidhart von Reuental - "Mayenzeit One Neidt" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Neidhart von Reuental - "Owe dirre not" (The Newsberry Consort feat. Drew Minter)

Neidhart von Reuental - "Vreut euch wol gemuten kind" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Neidhart von Reuental - "Winder wie ist" (Allan Alexander)

Neidhart von Reuental - "Ich sahe die haide" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)

Neidhart von Reuental - "So blossen wir den anger nie gesahen" (I Ciarlatani)

Neidhart von Reuental - "Meie din liechter schin" (Ensemble Unicorn)

Neidhart von Reuental - "Sumer deiner suzzen wunne" (Ensemble für frühe Musik Augsburg)


Fonte:


minnesang.com

en.wikipedia.org

global.britannica.com

answers.com

sábado, 4 de janeiro de 2014

Walther von der Vogelweide


Estátua de Walther von der Vogelweide em Würzburg, Alemanha.

Walther von der Vogelweide (1170, Áustria - 1230, Würzburg) foi um dos mais renomados poetas da Idade Média germânica. Pertencente à baixa nobreza, teve como mestre Pemmar, o Velho (Pemmar, the Old). Após a morte do duque Frederick em 1198, Vogelweide vagou de corte em corte, trocando sua arte por hospedagem e alimentação. Em 1212, ele se envolveu em assuntos políticos de forma a apoiar o imperador Otto IV contra o papa Inocêncio III.

Mais da metade de seus 200 poemas são de cunho político, moralista ou religioso, sendo o restante relativo ao amor. Nos poemas religiosos, há a necessidade de o homem buscar o encontro ao seu Criador, o que é exemplificado pelas peregrinações ou Cruzadas. Nos poemas moralistas, temos o elogio às virtudes humanas, tais como a fé, a sinceridade, a caridade e a disciplina. Quanto aos poemas acerca do amor, Vogelweide desenvolveu um estilo original frente às circunstâncias do amor cortês.

Miniatura de Walther von der Vogelweide, encontrada no Codex Manesse.

Reproduções:


Walther von der Vogelweide - "Under der linden" (Estampie & Münchner Ensemble)

Walther von der Vogelweide - "Under der linden" (Knud Seckel & Musiktheater Dingo)

Walther von der Vogelweide - "Nu alrest lebe ich mir werde" (Ensemble Unicorn, Michael Posch)

Walther von der Vogelweide - "Ich saz uf einem Steine" (Hans Hegner)

Walther von der Vogelweide - "Alterslied" (Eberhard Kummer)

Walther von der Vogelweide - "Oh weh (Ouwe)" (Holger Schäfer & Musiktheater Dingo)

Walther von der Vogelweide - "Palästinalied" (Musiktheater Dingo)

Walther von der Vogelweide - "Alte clamat epicurus" (Porto Alegre Chamber Ensemble)

Fonte:


sternenfall.de

poemhunter.com

simple.wikipedia.org

en.wikipedia.org

mediaevum.de

Índice

Olá! Seja bem-vindo(a)!

Criei este blog tendo em vista a divulgação (em língua portuguesa) da poesia medieval européia. Para isso, pretendo abordar sucintamente os seguintes poetas e categorias:

POETAS:

Oswald von Wolkenstein
Walther von der Vogelweide
Rudolf von Fenis
Konrad von Würzburg
Hugo von Montfort
Neidhart von Reuental
Mönch von Salzburg
Reinmar von Hagenau
Hartmann von Aue
Heinrich von Veldeke
Der von Kürenberg
Wolfram von Eschenbach
Guillaume Dufay
Guillaume de Machaut
Thibaut de Champagne
Moniot D’Arras
Guiot de Dijon
Étienne de Meaux
Étienne Moulinié
Gervais de Bus
Gace Brulé
Giraut de Bornelh
Gauthier de Coincy
Michael Thilo Amft
Francesco Landini
Claudio Monteverdi
Bernart de Ventadorn
Lourenço Jogar
Raimbaut de Vaqueiras


CATEGORIAS:

Ars subtilior
Ars nova
Frauenlied
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